domingo, 14 de novembro de 2010

23/06/2010




Penúltima aula de Leitura e Formação do Leitor ministrada pela Professora Conceição.Fora proposto anteriormente a escolha de um clássico literário e que relaciona-se  com o texto Porque ler os clássicos de Ítalo Calvino.
Minha busca a clássico literário aconteceu em dois momentos. Uma tentativa frustrada com a releitura inacabada de Os miseráveis de Victor Hugo e a troca por A Metamorfose de Franz Kafka. No primeiro momento escolhi Os miseráveis por indicação de uma amiga mas considero mal escolha  por  entender que a adaptação da obra  deixou a desejar provocando minha insatisfação com a releitura.
A segunda opção de clássico fora A Metamorfose de Franz Kafka por  tratar  de escrito consagrado pelo tempo. Os especialistas abordam os escritos de Kafka como forma peculiar de compor a leitura.  O clima mantido por Kafka em que é caracterizado um ambiente de angústia e de desconcerto, atribuído por muitos ao início da era que culminaria com a ascensão de Hitler e com a Segunda Guerra Mundial.
Portanto A metamorfose é uma novela  que  narra a história de Gregor Samsa, um caixeiro viajante que certo dia acorda em seus quarto transformado . Apresentando significados simbólicos, a obra deu origem às mais diversas interpretações. Como as associações de ordem psicanalítica sobre a relação de Kafka com seu pai. A interpretação de que a obra não é redutível a dramas familiares do autor, mas, sim, a expressão da tensão do artista em meio à sociedade burguesa de sua época. Entendo que A metamorfose  é uma obra de literatura fantástica na medida em que explora uma situação inusitada e que foge ao que é aceitável ou tolerável. Portanto o personagem  Gregor Samsa transcende essas classificações e denuncia os mecanismos de dominação e de subjugação da mente humana.
Fragmentado: Porque A Metamorfose de Franz Kafka  é um clássico?
Para Calvino ,(2007,p,12) ” um clássico é uma obra que provoca incessantemente uma nuvem de discursos críticos sobre si, mas continuamente"as repele para longe.”
Sabemos que A Metamorfose de Franz Kafka é uma obra analisada das mais variadas formas de crítica seja  sociológica, psicológica, psicanalítica, etc. Tornou-se atemporal, ou seja, apropriou-se a universalidade, marcada e determinada por abordar assuntos que não se esgotam e nunca são datados ou remarcados, sendo assim A metamorfose não “esfria”.
 Calvino(2007,p.14) menciona que “um clássico é um livro que vem antes de outros clássicos; mas quem leu antes os outros e depois lê aquele, reconhece logo o seu lugar na genealogia.”
Portanto pensar nos clássicos é de certa medida lembrar daquelas releituras que marcaram que fazem parte da minha história, demarcando os momentos e situações que fizeram dos textos, marcos vividos.
Enfim, Calvino (2007, p.11) diz um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer.

Ao reler A metamorfose de Kafka as inquietações e perguntas não deixaram processar uma conclusão. Como o personagem Gregor Samsa que sofreu transformação. Seria por causa da irritação de não ser amado pela família ou  peso ser responsável pela família ou infelicidade de não poder ser ou infelicidade não afirmar como pessoa.
Entendo que no final, o que importa em A Metamorfose de Kafka não é interpreta a obra  mas confesso que não sou mais a mesma após a releitura .
Reportagem  Estadão.Com.Br//Cutura

Filólogo tcheco Josef Cermak fez edição para colecionadores, com muito material inédito, fotos, postais...


Kafka ganha 1.ª biografia tcheca, 80 anos após sua morte

09 de março de 2010 | 16h 07
Mais de oito décadas após sua morte, foi lançada em Praga a primeira biografia do escritor tcheco Franz Kafka escrita em sua terra natal. Pessoas observam escultura do artista checo Jiri David, na Pça Franz Kafka de Praga
No livro "A Luta Por Escrever: Sobre o Compromisso Vital de Franz Kafka", o filólogo tcheco Josef Cermak tenta "abordar as relações de Kafka com o 'mundo tcheco', que são mais amplas do que muitos pensam", explica o autor à Agência Efe.
Nascido em 1883 em Praga na época do Império Austro-Húngaro e falecido em 1924 perto de Viena, Kafka só escrevia em alemão, o idioma falado por grande parte da comunidade judaica da atual capital da República Tcheca.
Esta formosa edição para colecionadores, com uma tiragem de 2.500 exemplares, tem muito material inédito, como fotos, cartões postais escritos em suas viagens ao exterior e manuscritos relacionados a assuntos familiares.
Tudo isso deveria ter sido publicado nos anos 60. Entretanto, à época, a diretoria da editora Odeon hesitou ao pensar que "se tratava de um pequeno cidadão de Praga sem importância", lembra Cermak, "e então entraram os tanques soviéticos" para combater a Primavera de Praga de 1968.
Então, foi publicada a biografia do estudioso alemão Klaus Wagenbach, com quem Cermak deveria ter colaborado, pois teve acesso ao rico legado mantido pela sobrinha de Kafka, Vera Saudkova.
Atualmente com 88 anos, Vera vive em Praga e é filha da irmã mais nova do escritor, a falecida Ottla. Junto com seus três filhos, são os únicos parentes vivos de Kafka.
Cermak defende a tese de que Kafka entendia muito bem o idioma tcheco, pois "foi capaz de apreciar a qualidade literária de um autor como Vladislav Vancura, que tem uma linguagem muito peculiar, muito bela, mas deformada".
A produção de Kafka ficou proibida na época da Tchecoslováquia socialista porque era considerado um autor "reacionário", diz Cermak. Por isso, os estudiosos de sua obra foram perseguidos pelo regime.
O próprio Cermak se viu obrigado a publicar sua primeira pesquisa na vizinha Alemanha sob um pseudônimo. Só após a queda do comunismo na então Tchecoslováquia, em 1989, foram traduzidas para o tcheco obras como a célebre "O Processo" (1997).
Mais de vinte anos depois da redemocratização, Kafka é uma das figuras recorrentes da paisagem urbano de Praga, mas "sua obra é mais conhecida fora do que dentro do país", reconhece Marketa Malisova, diretora da Sociedade Franz Kafka, em entrevista à Efe.
Apesar das muitas placas comemorativas, bustos e estátuas em sua homenagem, fora a praça que leva seu nome e de um centro que populariza sua obra, a inércia do passado impediu que Kafka tivesse o mesmo reconhecimento que tem no exterior e que faça parte da bagagem literária de seus compatriotas.
De qualquer forma, a capital tcheca foi a cidade onde Kafka se educou, pela qual passeou e da qual se nutriu, em meio a suas depressões, de seu autêntico horror ao barulho e seu senso de responsabilidade, algo que acabou se tornando quase insuportável, lembrou Cermak ao falar sobre Kafka, que trabalhava em uma seguradora de acidentes industriais.
Praga foi também o lugar que inspirou suas obras, onde sua genialidade aflorou e onde teve seus amores, nenhum dos quais acabou em casamento, apesar de ter se comprometido duas vezes com Felice Bauer.
"Não me canso de Kafka", afirma o autor da nova biografia.
O que chegou até os dias de hoje se deve principalmente ao também escritor Max Brod, que administrou o legado de Kafka até morrer, em 1968, em Israel, para onde emigrou em 1939 após a ocupação nazista da Tchecoslováquia.
Por este motivo, Malisova também quis conceder um prêmio em memória do autor da primeira biografia de Kafka, escrita em 1937.
"Foi Brod que se encarregou de publicar sua obra, e não queimá-la, mas propagá-la. Se não tivesse sido por ele, ninguém hoje conheceria Kafka", garante a tcheca, em cujo escritório se conserva a escrivaninha do autor de "A Metamorfose".
Kafka morreu em um hospital nos arredores de Viena vítima de tuberculose. Seu corpo foi levado para a Praga, onde agora repousa no novo cemitério judeu da capital tcheca.

 

Escritor Modesto Carone traduz, diretamente do alemão, contos inéditos de Kafka


Quando estava próximo da morte, castigado por uma tuberculose que deteriorava sua saúde aceleradamente, Franz Kafka pediu ao seu amigo Max Brod, que cumprisse uma antiga promessa: que destruísse todos os seus escritos não publicados. O resultado foi que a literatura mundial tem, até hoje, uma dívida impagável com um mau amigo. Brod não somente preservou os originais, como organizou, selecionou e publicou volumes até hoje saudados como algumas das principais obras literárias do século XX, como "O Processo" e "O Castelo".
Alguns desses textos encontram-se reunidos no livro "Narrativas do Espólio", que foi lançado pela editora Companhia das Letras e está disponível na biblioteca do CCBA. O volume traz vários contos inéditos do escritor tcheco, considerado um dos mais importantes autores do século XX. O trabalho é o penúltimo da empreitada do escritor Modesto Carone, que desde a década de 80 vem se dedicando a traduzir, diretamente do alemão para o português, toda a obra ficcional de Kafka.
Para Modesto Carone, o grande problema e a grande chave da tradução de uma obra ficcional, é contaminar o idioma de chegada pelo de partida. Mais ou menos como tentar adivinhar a maneira que Kafka escreveria se o fizesse em português. O tradutor explica que Kafka, que trabalhava como agente de inspeção, incorporou à sua escrita o estilo protocolar das comunicações burocráticas, como forma de registro e ironia. Foi justamente esse tom que Carone buscou imprimir às suas traduções.
Para se ter uma idéia do afinco e do perfeccionismo aplicados por ele em seus trabalhos, Carone teve que iniciar três vezes a tradução de um outro livro de Kafka, "O Castelo", antes de chegar à versão final. Na primeira tentativa, já havia escrito mais de cem páginas. Na segunda, outras 90 já haviam sido traduzidas.
Carone foi o primeiro a traduzir os textos kafkianos diretamente para o português, uma vez que as traduções antigas do Brasil eram feitas a partir do francês ou do inglês. Possivelmente no ano que vem, ele encerra sua missão de transpor toda a obra do tcheco, com a publicação de "O Desaparecido", o primeiro romance do autor.


Referências:

Calvino, Ítalo. Por que Ler os Clássicos. In: ___Por que Ler os Clássicos. São Paulo: Companhia das Letras, 20087.p. 9-16.
BIOGRAFIA DE KAFKA. Almanaque Autores. Disponível em < http://almanaque.folha.uol.com.br/kafka.htm>.Acesso em: 14 jun. 2010.

KAFKA.Reportagem Primeira Biografia Tcheca,80 anos após sua morte. Disponível em <http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,kafka-ganha-1-biografia-tcheca-80-anos-apos-sua-morte,521772,0.htm >.Acesso em : 14 jun. 2010.

REPORTAGEM ESCRITOR MODESTO CARONE. Escritor Modesto Carone traduz diretamente do alemão,contos inéditos de Kafka. Disponível em <http://www.ccba.com.br/asp/cultura_texto.asp?idtexto=38>.Acesso em: 24 jun. 2010.
KAFKA, Franz. A metamorfose. São Paulo: Companhia das Letras,1997.p.96p.
Tradução: Modesto Carone

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